sexta-feira, 26 de maio de 2023

O dia em que a Terra parou

Olá, sou Claudio Teixeira, Discípulo do Mestre Sênior Julio Camacho a quem passarei me referir por Si Fu (Mestre e Líder de Família Kung Fu) nesse texto. E hoje celebrando o recomeço dos meus artigos nesse Blog, começo parafraseando o cantor e poeta Cazuza, que marcou minha adolescência, trazendo  um museu de grandes novidades para vocês que, caso se disponham ler-me até o fim. Caso não, depois não me venham reclamar que não foram avisados. 

Antes de ir ao ponto, gostaria de explicar que não inspirei na música do também grande e saudoso Raul Seixas, e antes que me chamem de idoso dado as referências musicais, saliento que este também grande ícone de nossa cultura,  fez parte de uma geração anterior a minha. Aproveito para avisar que nunca tive a ousadia de importunar profissionais e amadores que tocam pelos bailes da vida pedir uma música dele, mais por acanhamento que por educação mesmo.
Ao fundo Mestre Sênior Julio Camacho e seu Discípulo 
Claudio Teixeira 26/05/23 Recreio dos Bandeirantes 

 Na verdade tirei esse título de uma pequena passagem do filme de 2008: "O Dia Em Que A Terra Parou", único longa onde um papel interpretado por Keanu Reeves causou mais estragos que ao interpretar John Week sendo contrariado.  A passagem em questão trata-se de quando o pequeno órfão Jacon Banson  (Jaden Smith), implora ao extra terrestre Klaatu (Keanu Reeves) após arrastá-lo até um cemitério que ressuscite seu falecido pai há muito enterrado, como fizera instantes antes com um policial atacado pelo próprio E.T. Klaatu, que explica ao garoto ser impossível repetir o fato, dado que obviamente o corpo de seu pai já fora decomposto, explicando ao menino algo que sempre me recordo toda vez que qualquer ciclo se encerra afirmando que o universo não desperdiça nada. 

Explicando o porquê trouxe essa memória para este texto, primeiro devo admitir que ao contrário do universo, este que vos escreve tem por péssimo habito desperdiçar muitas coisas, principalmente tempo, não só o meu, mas o de vocês também,  como podem constatar na introdução acima. Mas hoje me permiti quebrar esse ciclo e aproveitar ao máximo cada instante que pude, num significativo Momento de Vida Kung Fu com meu Si Fu, durante uma agradável manhã de sexta-feira no Recreio dos Bandeirantes, onde ele se encontra em sua curta estadia no Rio de Janeiro cumprindo sua apertada agenda na primeira Visita Oficial de 2023, antes que retorne à Flórida onde reside. Em nossa longa e honesta conversa, pude ousar me despir das últimas vaidades que sempre interferiram me nossa relação, em busca de um salto qualitativo no aproveitamento de minha missão discipular, colocando em pauta questões pessoais onde sempre tropecei em minha jornada em busca da inefável excelência Kung Fu nessas nossas duas décadas de convívio. 
Cerimônia Tradicional do Clã Moy Jo Lei Ou
dirigida pelo Mestre Sênior Julio Camacho
24/05/23

E ainda tivemos tempo para tratar das supramencionadas novidades planejadas pelo meu Si Fu para o Futuro do Instituto Julio Camacho, que do alto de sua maturidade Kung Fu, rascunhou-me um pouco da sua inovadora e ousada  maneira de redesenhar todo o modelo que deseja para a Família que carrega seu nome Kung Fu Moy Jo Lei Ou. Propondo uma forma de atuação que traduz toda sua capacidade de renovar com simplicidade e respeito à Tradição e ao nosso Legado. Mesmo diante de tanto tempo o seguindo, me surpreendi bastante em suas propostas. Se bem que ser surpreendido pelo meu Si Fu já virou um hábito de longa data.  E por falar em hábitos, antes de encerrar, gostaria de ressaltar de como seu trabalho como Mentor, Tutor e Mestre cada dia me faz perceber como sua capacidade de usar o Kung Fu evolui no que tange me apoiar como discípulo em trabalhar na mudança de tantos hábitos meus nocivos à mim mesmo, lapidando-me arestas que muitas sequer consigo enxergar nas minha própria maneira de agir. Isso apenas reforça que seguir junto é fundamental para um discípulo, e que há momentos que de fato parece que estar ao seu lado faz Terra parar de girar, me dando oportunidade de observar-me através do seu olhar, e buscar escolhas mais precisas para os meus desafios nesse mundo. 

sexta-feira, 25 de março de 2022

Dias de Do.

Seu Claudio Teixeira, Discípulo do Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessa publicação, e já entrando no tema que pretendo discorrer nas linhas abaixo, já vou logo avisando aos leigos, que não, eu não errei o título desse artigo. "Do" é maneira carinhosa que resumimos a transliteração do Cantonês do nome das duas facas usadas Nível Superior Final para o acesso ao Domínio "Baat Jaam Do" no aprendizado do Sistema Ving Tsun em nossa Família Kung Fu. E especialmente hoje gostaria de narrar um pouco da minha experiência até chegar nesse ponto da minha jornada Kung Fu. 
Mestre Sênior Julio Camacho manuseando 
réplicas de prática dos Ving Tsun Do 

Me lembro que quando comecei praticar, por volta de 2002, foi me explicado na época que cada um dos seis domínios tinham naturezas que se relacionavam com conceitos específicos. E que o acesso ao  Nível Superior Final, aquele cuja conclusão lhe habilitava se tornar Mestre Qualificado e Líder de Família Kung Fu, apontava para o aprimoramento do poder de Síntese. Desde do primeiro dia em que ouvi falar isso, encarei que chegar nesse ponto era poder desenvolver a capacidade de lidar de maneira simples com questões complexas, o que eu ainda não havia compreendido é que existe uma diferença abissal entre simplicidade e facilidade. Pois apenas o tempo foi me ajudando compreender que desenvolver Kung Fu não é fácil, mas torna a vida mais simples.

A primeira vez que tive contato com as Facas do Sistema foi nas mãos da Sisuk (Tio Kung Fu mais novo) Úrsula  Lima, na época ainda praticante do Nível Avançado de Natureza "Biu Ji. Ela estava encapando com uma fita a empunhadura das armas de prática do meu Si Fu, e me recordo dele tê-la orientado que o sentido que ela usou para passar as fitas não era favorável ao manejo do "Do", o que me chamou atenção em tentar compreender o porquê faria sentido isso. Na cultura de nossa Linhagem, a prática e acesso ao Domínio "Baat Jaam Do" sempre é feita de forma restrita aos praticantes que estão no Nível, portanto, demorou mais de uma década e meia para de fato começar compreender aquilo que me parecia certo  preciosismo naquela orientação. 
Claudio Teixeira observando seus irmãos Kung Fu praticando 
o Baat Jaam Do



Ainda me lembro como se fosse hoje meu primeiro dia de acesso à esse Nível, como costumamos chamar "Hoi Do" (Abertura do Domínio). E o como me foi emblemático a maneira que meu Si Fu, através da sua experiência, expôs as brechas na meu Kung Fu, que mesmo com múltiplos anos de prática, não me permitia impingir ao manejo das facas nenhuma marcialidade efetiva. Mesmo com duas armas nas mãos, a sensação que vulnerabilidade era tamanha, que de fato me sentia mais seguro desarmado que com elas. Dessa forma, o simbolismo da morte que tanto trabalhamos no processo de desenvolvimento de Kung Fu, me deixava claro que não saber trabalhar com a natureza imanente de qualquer objeto, torna impossível extrair o potencial de letalidade eminente simbólica, ou real, mesmo que este seja uma arma. 

Desta forma, desenvolver-se no acesso à Natureza do Nível Superior Final, é percebido hoje por mim como compreender e extrair o potencial marcial de qualquer ente. E como meu Si Fu sempre alerta, marcialidade e precisão são conceitos que coadunam e suas essências. Isso tudo me faz lembrar do dia em que uma comitiva muito especial da Família Kung Fu, foi à Buenos Aires, no Mogun (Casa da Família Kung Fu) do meu Sisuk Leandro Godoy, conhecido pelas suas impressionantes habilidades de cutelaria, para buscarmos os Ving Tsun Do personalizados sob encomenda, de acordo com as medidas corporais de cada praticante do Sistema Ving Tsun. Aquilo que acima chamava de preciosismo, e hoje compreendo como precisão. Nessa viagem, em especial, eu liderei essa comitiva, e o sucesso de cada etapa me ajudou aprender mais ainda sobre como tais momentos de Vida Kung Fu carregam em si o potencial de traduzir a marcialidade para o cotidiano.

Comitiva da Família Moy Jo Lei Ou liderada pelo Mestre Sênior
Julio Camacho(acima à esquerda) à Buenos Aires em 2019
No dia de hoje, trabalhando em meus estudos sobre o Sistema, tenho plena ciência que ainda falta muito para chegar minimamente ao ponto ideal de não mais sentir os desconfortos da imprecisão no manuseio dos lendários "Ving Tsun Do". Mas como aprendi através do tempo com meu Si Fu: Kung Fu se conta por décadas. E como ainda estou apenas no início da minha segunda década como praticante, não tenho mais a pressa do praticante iniciante, pois minha busca pela simplicidade eficaz está só começando. Até porque hoje meu maior foco está em apoiar aqueles que chegaram depois de mim, representando da maneira mais digna que consigo meu Si Fu no Centro de Transmissão Vitrines de Ipanema, na rua Visconde de Pirajá, 580. Onde amanhã, dia 26 de Março de 2022 ÀS 9:00, será promovido um café da manhã temático sobre o processo de Admissão Familiar, onde será feito o convite para ingressar na Família Moy Jo Lei Ou de Iago Lima, em seu primeiro passo para as ricas experiências que a Vida Kung Fu tende promover!


terça-feira, 22 de março de 2022

Como se tornar imortal através do Kung Fu.

     No épico filme de 2004, Tróia, baseado na obra de Homero, a principal motivação do herói Aquiles, interpretado por Brad Pitt, para lutar uma guerra que não precisava participar, era deixar um legado de atos grandiosos que o fizesse ser lembrado por toda eternidade. Ainda vivendo o dilema de se entregar à um destino sem retorno, numa dos diálogos mais emblemáticos do filme, o herói escuta de sua mãe Thetis, interpretada por Julie Christie, a seguinte sentença: "se você ficar em Larissa, encontrará a paz, encontrará uma mulher maravilhosa e terá filhos e filhas, que também terão filhos e filhas. E todos eles o amarão, e lembrarão do seu nome. Mas quando todos seus filhos estiverem mortos, e o filhos deles depois, seu nome será esquecido... se você for para Tróia, a glória será sua, Eles escreverão histórias sobre suas vitórias por milhares de anos! E o mundo se lembrará de seu nome. Mas se você for para Tróia, jamais voltará... pois sua glória anda de mãos dadas com o seu fim. E eu nunca mais o verei novamente. "

Claudio Teixeira e seus filhos Pedro Henrique e Ana Luísa em foto Si-To
Com o Mestre Sênior Julio Camacho na Barra da Tijuca em 2009.

        Sou Claudio Teixeira, Discípulo do Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu (Líder de Família Kung Fu), e em meu artigo de hoje, usarei o trecho do filme mencionado acima para compartilhar uma reflexão pessoal de como cada um de nós lida diante dos encontros e desencontros da vida, sob a luz das minhas percepções desenvolvidas através da minha jornada Kung Fu.


        Quando aceitei o convite de me tornar Membro Vitalício da Família que leva o nome Kung Fu do meu Si Fu,  Moy Jo Lei Ou, me foi dito que o meu nome Kung Fu Moy Kat Jo, que fora-me entregue por ele, seria inscrito na Árvore Genealógica da Linhagem do Sistema Ving Tsun. Sem um compreensão mais aprofundada do que isso em si representava, acreditei que essa inscrição em si se tratava de mais uma das etapas de todo protocolo formal do processo de reconhecimento da relação discipular. Onde o nome escolhido pelo meu Si Fu seria registrado junto aos dos seus demais discípulos em algum documento oficial dentro de nossas estruturas institucionais. 
Encontro semanal on-line do Mestre Sênior Julio Camacho
com seus Discípulos no Brasil 


        Com o passar dos anos o meu aprofundamento em mergulhar na relação discipular, me foi permitindo uma compreensão mais precisa do que pode vir a significar um dia essa inscrição, através de ter me permitido um desnudar-me cada vez de maneira mais honesta diante de mim, me fazendo enxergar cada vez melhor o meu real tamanho diante da minha própria vida. E como que em todas as batalhas que escolhi lutar, a busca de me refinar como ser humano para conseguir fazer a diferença para o mundo que gira ao meu alcance, muitas dessas mudanças se tornaram um caminho tão sem retorno, quanto o de Aquiles por Tróia.  Entretanto não posso deixar de me lembrar como triste aprendizado que, assim como o mesmo Aquiles no trecho do filme descrito acima, diante da oportunidade de escolher não ir a guerra, incontáveis vezes essa foi minha opção, dando ouvidos aos meus temores questionáveis, ou mesmo ao aprazível conforto de me esconder dentro da aparente ilusão de segurança que desistir dos desafios que a vida me impingia. Da mesma maneira que muitas vezes pensei em abandonar a própria relação Mestre e Discípulo com meu Si Fu, pois é impossível se dissociar a erosão do tempo, quando o sufoco de olhar para um tempo que não tem data para terminar parece mais forte que simplesmente apreciar o momento presente.

        A vitaliciedade de uma relação Discipular, dentro do que compreendi meu Si Fu dizer em vários momentos, acaba por se tornar uma poderosa ferramenta relacional de espera paciente por parte de quem se propôs ao caminho sem retorno de liderar uma Família Kung Fu. Dessa forma, da mesma maneira que hoje compreendo o quanto meu Si Fu apostou em mim com Discípulo, pacientemente investindo seu tempo e seu inestimável saber Kung Fu em mim, muitas vezes muito além minha própria crença na minha capacidade, ou disposição de superar meus próprios desafios. Tal ferramenta me concedeu todo tempo necessário que precisei para aprender sintonizar-me gradativamente de maneira constante e crescente com todos os valores propostos e necessários para relação, que constantemente são atualizados pelo meu Si Fu.
Casamento dos Líderes do Clã Moy Jo Lei Ou e Cinquenta anos do
Mestre Sênior Julio Camacho - Rio de Janeiro 2019

        Uma das características mais evidentes para mim do meu Si Fu, é sua capacidade de renovar-se e atualizar-se como Líder, ainda mais atualmente, muito em relação aos enormes desafios que passou em sua mudança para os EUA. Além dos abismos culturais e sociais e tantas outras questões, até mesmo as de ordem prática como as laborais e documentais, se instalar com residente num país tão diferente de sua terra natal, tende ser algo que requer sempre um esforço hercúleo, ou "aquílico", para não fugir do texto de abertura deste artigo. Tudo isso num momento de profundas mudanças mundiais em razão da pandemia, já seria uma guerra de fazer inveja aos heróis de Tróia, se não fosse o fato dele quase literalmente a própria vida numa batalha pessoal contra um tumor descoberto em seu coração, que teve que ser extraído as pressas, numa cirurgia invasiva e delicada, que ainda gerou questões de ordem financeiras complexas graças problemas em seu seguro de saúde. Mesmo diante desse cenário tão caótico e que para muitos poderia ser desesperador, meu Si Fu, na prática da sua própria definição que Kung Fu trata-se de capacidade desenvolvida de extrair benefícios de qualquer circunstância da maneira como esta se apresenta, tem trazido em todos nossos últimos encontros, tanto presenciais como on-line, uma profunda reflexão sobre como podemos avaliar o ultimo impacto que causamos em nossas relações pessoais, não só nas pessoas que lidamos no cotidiano, mas também às que passaram por nós durante nossas jornadas pessoais. 

        Nunca sabemos ao certo qual o potencial dos efeitos de nossas ações aos outros, assim como não tinham essa noção os antepassados da  Genealogia do Sistema Ving Tsun, dos quais hoje reproduzimos histórias sobre suas aventuras e peculiaridades sobre suas vidas, durante nossas atividades práticas em nossos Centros de Transmissão. Lembranças de pessoas ausentes que jamais imaginaram que aquilo que transmitiam chegariam ao outro lado do planeta através tradição oral da nossa cultura marcial, com seus nomes imortalizados nos carimbos expostos sobre os SAN TOI espalhados por tantos Núcleos similares ao que eu dirijo aqui em Ipanema. Quantos são poderosos os pequenos gestos que produzimos em nossos cotidianos aos mais ilustres desconhecidos que atravessam o tempo todo nossos tão incertos destinos, e como estes podem afetar suas vidas? 


Primeiro Ato Cerimonial do Clã Moy Jo Lei Ou
Rio de Janeiro, 24 de Maio de 2003
        Nessa toada, para quem chegou até esse ponto desse texto, aproveito para informar, ou reforçar o convite para participar a partir do dia Primeiro de Abril de 2022, da Quinta Visita Oficial do Líder do Clã Moy Jo Lei aos Centros de Transmissão no Rio de Janeiro, onde o desejo sincero manifestado pelo meu Si Fu, é reencontrar não só os praticantes que se encontram em atividade regular atualmente, mas todos aqueles que em algum momento da vida cruzaram destinos conosco, para trabalharmos a oportunidade de novos e marcantes últimos momentos juntos, que possam reforçar a imortalidade dos intensos e profundos laços Kung Fu existentes entre nós. 




quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Aberta a temporada 2022 de excelência Kung Fu

Mestra Sênior Úrsula Lima 
orientando meu irmão Kung Fu 
Guilherme de Farias 

O ano de 2022 já começou nos Centro de Transmissão liderados pelos Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessas linhas (Líder de Família Kung Fu), e na primeira semana de atividades, a primeira Aula Master 100% on-line, conduzida da Flórida, trouxe uma grata surpresa que em muito dá o tom desse momento, cuja a integração se faz tão presente num mundo tão afetado pelos distanciamentos dos tempos atuais.  

A novidade se deu pelo fato da primeira Aula Master do Ano do Nível Superior Final do Sistema Ving Tsun de Kung Fu ter sido ministrada pela Mestra Sênior Úrsula Lima, Líder da Família Moy Lin Mah, a quem passarei me referir por Si Suk nessas linhas (Tia Kung Fu mais nova). Onde com toda sua experiência nos incentivou explorarmos e ampliarmos nossa perspectiva do avanço através da guarda, com a garantia de retorno preciso para ela, com as facadas do Domínio Baat Jaam Do nas mãos. Me levando uma profunda reflexão de como muitas vezes me vejo refém dos modelos que julgo ideais, num primeiro momento, várias vezes por mera conformidade de não investigar de maneira mais abrangente as possibilidades que a Arte Marcial requer para uma expressão mais personalizada do meu próprio Kung Fu. 
Mestre Sênior Julio Camacho 
Executando o Nível Avançado do 
Sistema Ving Tsun



Na sequência das atividades, pude acompanhar, já coordenado pelo meu Si Fu, durante as orientações ministradas por ele para o Nível Avançado. ficou-me evidente o quanto saber usar as mãos para "dar tempo" do corpo se reorganizar nas situações emergenciais, me fez lembrar em muito a importância do quanto existem limites para retornar uma condição ideal, de maneira que lidar com aquilo para qual não estava preparado que ocorresse; e essa habilidade sempre será mais fácil quanto maior tenha sido a preparação.


Dessa forma, encerro esta primeira postagem do Ano desejando a todos que tiveram a oportunidade de ler essas linhas, um ano de 2002 repleto de Kung Fu para todos!



quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

Faça o que tem que ser feito agora!

 O Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessas linhas, que quer dizer em Cantonês: Líder de Família Kung Fu, costuma afirmar que Marcialidade pode ser compreendida como a gestão das consequências das próprias escolhas. Dessa forma, um dos comportamentos que eu, Claudio Teixeira seu discípulo,  posso compreender que seja mais anti-marcial, e por consequência mais contraproducente ao conceito mais amplo do termo Kung Fu, é a procrastinação. 

Mestre Sênior Julio Camacho conduzindo da Flórida
A Aula Master de sua Discípula Mayara Rodrigues no Brasil.



Não que Kung Fu possa ser traduzido apenas como marcialidade, mas esta como uma das características essenciais aprendidas através da pratica do Sistema Ving Tsun de Kung Fu,  tende a ser compreendida. como a capacidade agir com precisão, excelência e pontualidade diante de cada escolha contida em cada instante do cotidiano. Pode parecer a princípio exagerado e impraticável esse grau de atenção e cuidado a cada momento da vida, e acima de tudo, num primeiro instante, e dar a impressão ser necessário esforços gigantescos seguidos de uma tensão mental constante que levaria qualquer um à fadiga nos primeiros horários do dia. Mas justamente a Vida Kung Fu pode ser compreendida pela extrapolação para a o dia a dia da prática deste Sistema Marcial que exorta a conduta feminina, portanto a força bruta, ou a resistência através da tensão exagerada  passam longe das premissas necessárias para um praticante de Ving Tsun lidar com os próprios desafios. 

Mestre Sênior Julio Camacho explicando a importância da
reposição no Sistema Ving Tsun


Meu Si Fu sempre alerta para a importância do posicionamento adequado e a atualização precisa deste toda vez que afetado. Isso quer dizer que a força bruta extraída de movimentos corporais acentuados, através de técnicas treinadas à exaustão, não fazem parte da forma como exploramos praticar o Sistema Ving Tsun. Buscamos ao contrário de repetições de movimentos, muitas vezes onde a concentração mental se focada na precisão técnica, estudar o efeito causado pelo posicionamento e sua atualização constante durante a prática física, assim como na pratica da Vida Kung Fu. Dessa maneira nossa guarda é talvez um dos dispositivos corporais que torna mais evidente todo esse processo. 

Eu, Claudio Teixeira, e o Mestre Sênior Julio Camacho 
em momento de Vida Kung Fu


Nossa guarda, bastante peculiar dentre as demais artes marciais existente, ao invés de uma técnica voltada para salvaguardar o corpo de golpes desferidos por um oponente, se posiciona com as duas mãos alinhadas à frente do plexo sendo uma na vanguarda, e outra na retarguarda desta, ocupando a linha central frontal do corpo de forma ofensiva e contundente. A mão que está à frente sempre em prontidão para um avanço pelos espaços não ocupados pelo oponente, e a que se posiciona atrás, com atenta a repor a primeira, caso este espaço seja obstruído pela defesa, ou ataque do outro. Extrapolando essa conceito para a Vida Kung Fu, percebemos que ao invés de buscarmos a mera ampliação da capacidade de golpear, ou agir conforme as situações do cotidiano através de decisões impulsivas, ou mesmo ensaiadas, são padrões que denotam um nível precário de Kung Fu de um praticante do Sistema Ving Tsun. Pois a marcialidade em alto nível pode ser entendida como uso estratégico dos recursos disponíveis de maneira se aproveitar de qualquer circunstância, sem forçar para se dar resultado necessário, se apoiando nas situações como estas se apresentam.

Portanto a maneira mais simples de organizar-se para vida passa longe dos complexos projetos muitas vezes inviáveis que fazemos olhando para o amanhã, mas sim estar bem posicionado diante dos desafios que o momento presente nos oferece, atualizando-se constantemente de maneira relaxada e atenta, para fazer o que precisa ser feito agora.



quinta-feira, 18 de novembro de 2021

A mestria e o ajuste.

Acima o Mestre Sênior Julio Camacho
revisando Nível Básico do Sistema Ving Tsun 
de Fernando Pinheiro.
Sou Claudio Teixeira, Discípulo do Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessas linhas (Líder de Família Kung Fu), e hoje vou relatar um pouco sobre minha experiência em apoiar a realização das atividades nominada de Aulas Masters, onde os Discípulos do Clã Moy Jo Lei Ou tem a oportunidade de revisar os Domínios do Sistema Ving Tsun de Kung Fu, sob o olhar atendo e cuidadoso dele. 

Quando meu Si Fu iniciou sua própria jornada como praticante, era necessário se descolar até São Paulo para encontrar seu próprio Si Fu, o Grão Mestre Leo Imamura, e este por sua vez, teve sua formação como Líder de Família, conduzida por Patriarca Moy Yat, em Nova York. Num tempo onde internet, telefone móveis, redes sociais virtuais e toda sorte de maravilhas da tecnologia da comunicação contemporânea, ou sequer existiam, ou faziam parte apenas da ficção do cinema. 
Mestre Sênior Julio Camcho reforçando
a importância do posicionamento 


Atualmente, todas quintas feiras a partir das 18:00 até às 20:30, temos um horário especial reservado para mim e meus irmãos Kung Fu, nos aprofundarmos nas nuances do Sistema Ving Tsun, sob a supervisão de nosso Si Fu, cujo olhar treinado não o permite deixar escapar nada de como cada um pode desenvolver o próprio entendimento marcial, assim como extrair das características pessoais a capacidade de alcançar o alto nível desenvolvimento pessoal inerente à precisão necessária para prática em alto nível de Kung Fu. 

Nessa semana, uma lição preciosa que extraí e não posso me permitir escapar, diz respeito à necessidade constante de ajustes que cada demanda solicita. Desde de o preparo para otimizar uma atividade marcial com excelência de maneira remota através dos recursos da internet, à como aproveitar cada pontuação feita pelo meu Si Fu direcionada para cada irmão Kung Fu durante a execução das Listagens de movimentos do Sistema Ving Tsun para o meu próprio desenvolvimento. 
Mestre Sênior Julio Camacho repassando 
a "guarda do Sistema Ving Tsun



Como reafirmou meu Si Fu, a marcialidade em si denota precisão, e por consequência a precisão requer um camada além de cuidado em cada ação. Lições que vão muito além de praticar uma atividade corporal de combate, mas que servem para a luta do dia dia, dos mais simples aos mais complexos desafios do cotidiano. 











sexta-feira, 15 de outubro de 2021

O poder do cuidado!

 É muito comum, não necessariamente uma regra. uma pessoa interessada em iniciar a prática de uma arte marcial, ser motivado entrar numa escola de luta buscando desenvolver um poder pessoal através do saber marcial corporal. Digo isso tanto como praticante, assim como o transmissor cada vez mais habituado em lidar com o público que entra em contato com o Sistema Ving Tsun de Kung Fu, por ser um dos responsáveis pelos  Centros de Transmissão liderados pelo Mestre Sênior Julio Camacho, a quem passarei me referir por Si Fu nessas linhas (Líder de Família Kung Fu). Em nossos Centros de Transmissão, entramos em contato com inúmeros conceitos incorporados em nossa cultura, e de longe ouso afirmar que aquilo ao qual sistematicamente nos referimos como zelo, traduzido pela atenção cuidadosa, é o pilar centrar de toda que permite a transmissão de toda riqueza de nosso legado centenário. O que para muitos pode parecer contraditório à necessidade de aprender a lutar, e ter justamente o cuidado princípio para desenvolver o poder que almeja ao buscar uma escola de artes marciais.

Na ordem horizontal:
Mestre Sênior Julio Camacho - Claudio Teixeira 
Mestre Pedro Lamarão - Mestra Sênior Úrsula Lima
Heitor Furtado - Mestre Sênior Ricardo Queiroz  

Recentemente recebi do meu Si Fu o convite de participar do segundo livro da coleção Fundamentos do Kung Fu, da qual ainda esse mês será lançada a primeira obra, cujo tema escrito por ele e seus irmãos Kung Fu, os Mestres Seniores  Úrsula Lima e Ricardo Queiroz, os quais me referirei por Si Suk ("tios"Kung Fu)  de agora em diante. Tais livros estão sendo escritos a partir de entrevistas feitas por três discípulos, um de cada Mestre acima mencionado, e na noite de quinze de Outubro de 2020, durante quase três horas tive a oportunidade de ter sido contemplado com a escolha de fazer parte da entrevista que servirá de base para para o segundo livro pelo título Cuidado, junto com Pedro Lamarão e Heitor furtado, discípulos do meu Si Suk Queiroz e Úrsula nessa ordem. 

Mestres Sêniores Julio Camacho,Úrsula Lima
e Ricardo Queiroz, ano 1995 Núcleo Jacarepaguá
 

Durante a longa e prazeirosa conversa, que se encerrou no meu estilo gostinho de queria mais, pude degustar em primeira mão, as respostas do três Mestres Sêniores de nas rodadas de três perguntas por discípulos, onde cada abordagem foi discorrida com toda mestria da experiência de décadas que cada um tem na bagagem, onde o tem Cuidado, com todo cuidado e atenção, foi revirado do avesso e desnudado, dentro das peculiaridades das percepções pessoais, sempre temperado com muita delicadeza com generosas pitadas do gigantesco arcabouço cultural dos autores. Numa sintonia de se fazer inveja as receitas mais requintadas da culinária, com cada qual se colocando de maneira não só complementar à fala de cada um, que pode ser comparado também à uma sinfonia de saber, que com maestria era se auto regia sem a necessidade de um maestro para se sincronizar. 

Como lição central que retirei dessa noite memorável, de uma maneira ímpar, me senti nutrido de uma saber que mais instiga o empenho em descobrir mais sobre o tema, diante de tantas possibilidades de se perceber, conceituar, praticar, transmitir, preservar e vivenciar a atenção cuidadosa que o tema se refere. Mais que isso, perceber esse zelo em movimento na própria construção desse projeto literário feito a três mãos, em cada detalhe tratado com fino esmero, que me reforçou em muito, o quanto a busca pelo poder através do Kung Fu traduz muito pouco do quanto o benefício de se desenvolver a capacidade de compreender a necessidade do senso de dever  no sentido da missão de legar e proteger.